9 de fevereiro de 2010


The Hurt Locker (Kathryn Bigelow, 2008) é um filme extraordinário. 
O Iraque e o Afeganistão vão dar bom cinema. O carácter das guerras, de todas as guerras, fica mais disponível em cenários urbanos ou áridos, sem o verde do Vietname ou do Cambodja, que parece uma explosão de vida em contraste com as de morte, um contraponto irónico à carnificina. Agora tudo parece verdadeiramente estranho e prestes a desintegrar-se. Os olhos, as casas, os carros, os destroços, o lixo, a língua. Como, por exemplo, em Black Hawk Down (Ridley Scott) ou no colossal Jarhead (Sam Mendes), sente-se uma perda de inocência tal que a guerra, por estes dias, deve tocar o indivíduo (envolvido) sem grandes mediações. O soldado deve diluír-se menos no grupo, na ideologia, nas razões. Fiquei a pensar que é necessário enlouquecer mais, e mais depressa, para aguentar a sombra da morte. Do ponto de vista ocidental, o Iraque parece um conjunto de milhares de guerras pessoais, quase tantas como o número de homens que por lá anda.