27 de outubro de 2009


[Joe Raedle]

26 de outubro de 2009

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Deus pode ser "vingativo, arbitrário, egoísta", os Livros podem conter "destruição, tirania, carnificina". Nestas discussões entre os blocos ateu e crente, os primeiros geralmente argumentam aceitando o pressuposto básico dos segundos, o mesmo em que baseiam a não crença.

A maioria dos ateus satura a própria argumentação tentando apontar falácias às qualidades da entidade que afirma não existir. Como se fizesse sentido alguém dizer: acreditas na existência de minotauros e dizes que eles são simpáticos. Eu não acredito em minotauros. Para debater a questão, vou demonstrar-te por que razões lógicas a simpatia dos minotauros é uma impossibilidade. E é mesmo aqui, logo à partida, que o ateu fica numa ilha; porque se coloca, de mão beijada, no infinito espaço do mistério divino. Uma ilha infinita, mas uma ilha. Como é que o Homem pode presumir saber se cada um daqueles episódios mais escabrosos da bíblia não terão salvo a humanidade? Os caminhos divinos são, por defeito, insondáveis. Por aí: 10, 20, milhões a zero para Deus. O crente não se importa nada de estar enganado quanto às qualidades (características) divinas. Errar é humano. O crente só sabe que Ele existe, o resto são interpretações. Como, quando, por que faz o que faz, ultrapassam-no de cebolada - mais uma prova (a prova) da Sua grandeza.

O grande problema é que, sem essa esgrima lateral, não há debate possível. É aí que termina a conversa, por causa de um corte intransponível. Uma saída para o auto-questionamento - Deus não existe - colide com outra saída para o auto-questionamento - Deus existe. A primeira resulta do desenvolvimento de um potencial para o raciocínio, a segunda resulta de camadas que devem remontar aos primórdios daquilo  que veio a ser o Sapiens. Ambas in-prováveis. Por aqui se percebe como a analogia psicanálise / arqueologia falha: as camadas primordiais, no Homem, estão activas e constituem-no na actualidade.

Deus é muito sedutor (lá estou eu...). É extraordinariamente fácil embarcar-se em cenários 'e se', por não poder evitar-se o desamparo, constitucional cá da espécie. Tudo é relativo a Ele e ao seu negativo. Só um humano que nunca tivesse sido criança (literalmente) poderia ficar-lhe indiferente. Deus é o personagem perfeito, por nascer e morrer com o Homem, com cada homem. Não precisa de ser lembrado, apenas organizado e distribuído. Cada homem carrega, como explicaram Steiner ou Freud, a nostalgia do absoluto, da morte vivendo. A total ausência da falha e do desejo. Deus numa casca de nós.

25 de outubro de 2009

Full circle



Tinha visto o filme no início ou em meados de 80. Fiquei sem qualquer referência além das imagens brancas e de uma ideia de resistência ao torpor compulsivo. Hoje o reconhecimento foi imediato, full circle.

24 de outubro de 2009

Vasco Pulido Valente

Reduzido a um estilizado monte de nada. Com cheiro.

21 de outubro de 2009

19 de outubro de 2009

Boato


'Boato' de JP Simões e 'Escritor de Canções' do Sérgio Godinho vêm da mesma área do universo, uma zona carregada de partículas e sombras elementares. O caminho nunca mais acaba e, lá no fundo, só está o momento seguinte.

Cooooooooooooool

Os Flaming Lips vão gravar o Dark Side Of The Moon, com Henry Rollins "doing all those weird voices".

15 de outubro de 2009

Chincas que fazem ir ler o livro

Às vezes é arriscado, outras percebe-se logo que provavelmente não.
Esta vem da 2ª categoria.

O bigode

A única questão mais grave do Maitê vídeo affair, é não ser mais longo. Aquele cuspozito porcalhoto à la dumb-milf...

O facto de se tratar de um redondo espatifanço na arte da sátira baseada em estereótipos não é grave. Esse tipo de humor não é pêra doce e, em caso de dúvida, mais vale estar quieto. Mas cada um sabe de si, dentro do possível.

Realmente chato é ter piada de forma involuntária, e isso a tugolândia comentadeira conseguiu à exaustão. A metade indignada que quer provar à força toda que as nossas mulheres já não têm bigode e a outra metade, cosmopolita e indignada, que não perde uma oportunidade para achar que no fundo, no fundo, simbolicamente ainda o têm.

14 de outubro de 2009

Protejam os tomates


Olha que analogias tão bem metidas! (protejam os pontos de exclamação) Cachorros, gatos e periquitos em casa = elefantes, tigres e leões no circo. Segundo FNV, bastou ao Homem domar o cavalo e desenvolver meios para submeter elefantes, tigres ou leões para que, milhares de anos depois, seja considerado legítimo manter a bicharada em estado pré-comatoso, num barracão com grades e rodas, com o único e muito exclusivo propósito do gáudio da amígdala. E, na mesma sacola, enfia a hipocrisia zelota dos caçadores de tabaco e palavrões sexistas. Atira com a sacola para a mesma arca de Noé, lançada ao mesmo mar salgado.

O único problema da nova lei é o seu alcance. Os animais (algures) selvagens em circos estão garantidos por 10 ou 20 anos. Com um bocadinho mais de tomates o prazo não ultrapassaria os 3 ou 4, a partir dos quais o Estado compraria a bicharada e a entregaria aos cuidados de um parque zoológico, para merecida reforma em paz e sossego. Para além disso, ninguém garante que, em 10 anos, os Da-Câmara-Pereiras não venham a legislar, e lá voltará tudo ao mesmo. Os tomates, em política, são uma espécie em vias de extinção.

13 de outubro de 2009

National Geographic

According to tradition, to applaud fado in Lisbon you clap your hands, while in Coimbra one coughs like if clearing one's throat. [Wiki]

Imagino-me na Martinica a querer saber qualquer coisa sobre Fado e não consigo parar de pensar que ainda não teria conseguido parar de me rir, embora me mantenha muito sério e a tossir.

12 de outubro de 2009

Rooms


[Malkievicz]

9 de outubro de 2009

Bolhão-Pathos

A Elisa Ferreira é uma personagem ligeiramente insuportável. O desespero leva à perda de discernimento, mas a certeza da gamela europeia deveria garantir-lhe outra serenidade. Embora, na verdade, não se trate de desespero, estou a ser ingénuo. A figura que a Elisa anda a fazer só se compreende se pensarmos que ela está ao serviço do partido, quid pro quo. Depois da era do descalabro, protagonizada por Fernando Gomes e Nuno Cardoso, o PS-Porto entrou em modo desnorteado, parecendo não exigir de si próprio mais do que uma boa dose de populismo e agressividade (como se o populismo não fosse já, por si só, suficientemente violento). O ressabiamento deu-lhes vontade de partir tudo e, de 4 em 4 anos, chamam a Elisa.

A questão do Bairro do Aleixo é paradigmática. Rui Sá, o candidato do PCP, tem a honestidade intelectual de admitir a total falta de sentido daquela bomba-relógio. 5 torres de 13 andares com milhares de pessoas que vivem, ad aeternum, do apoio do estado, são impossíveis de resultar. Aquele pessoal todo junto, mesmo que em casinhas individuais umas a seguir às outras, não resulta. Resulta na amplificação da mancha, que se alarga, cada vez mais, às redondezas. Até ao início do Campo Alegre não há entrada de prédio, recanto, Multibanco ou paragem de autocarro que não tenha gente a enfiar agulhas na pele e pratas no chão. Os anos encarregaram-se de o demonstrar à exaustão, todos os dias. O que Rui Sá questiona é o modelo do negócio Câmara/Privados, e isso é muito legítimo. Já Elisa Ferreira acusa Rio de 'engenharia social', como se a política não fosse, toda ela, uma forma de engenharia social. Como se o Aleixo não fosse o exemplo acabado da pior engenharia (e arquitectura) social. Algum povo (quantos?) grita pela manutenção do Aleixo nos moldes de sempre, EF defende o Aleixo nestes moldes. É inacreditável que alguém defenda a recuperação dos edifícios sem parar para pensar que, 1 ou 2 anos depois, volta tudo ao mesmo. Não foi a degradação dos edifícios que degradou a vida no bairro. A causalidade, quando o assunto são pessoas, nunca é linear, mas o contrário faz bem mais sentido.

É de uma irresponsabilidade atroz. Senhor comandante, ela é perigosa. Que temos de perguntar às pessoas, diz a candidata a nada. E, se as pessoas gostam de tripas, tripemos num mega-festival. O LaFéria é que não, que é piroso e veio gastar o tecido das cadeiras do Rivoli, tão poupado ao longo de anos e anos com arte exclusiva. Rio separa o poder político do futebol, EF berra que 6 milhões de benfiquistas estão muito felizes - agora que vai para Bruxelas, só quer Lisboa a arder. Por achar que o povo quer Lisboa a arder. O Bolhão tem (entre outros mais sérios) um problema histérico, EF assume-se a histriónica-superiora. E tem o Abrunhosa ao lado, motivo mais que suficiente para caminhar na prancha sem direito a último pedido.

Acho escandaloso que Elisa Ferreira tenha mais votos que o Rui Sá.

*
Só com muita arte circense pode afirmar-se que o Porto está pior do que estava, quando Rui Rio chegou. Está melhor, bem melhor. Espero que a loucura autofágica lá do partido dele não acabe por triturá-lo para longe daqui.



maria ninfeta lolita

Polanski Babylon
[As Aranhas]

8 de outubro de 2009

6 de outubro de 2009

Os 3 problemas nacionais

Boa noite,
São três os problemas nacionais nesta altura:
Tiago, Bosingwa e Cristiano Ronaldo falharam o treino e ficaram no ginásio.

[notícias SportTv, 22:30h]

5 de outubro de 2009

5 Outubro 1910-2009

Numa época em que a república é tão espatifada pelos seus mais destacados representantes, parece-me o momento perfeito para continuar a celebrar tudo o que a monarquia já não pode, em Portugal.

4 de outubro de 2009

Sub Verter


[Carl De Keyzer] 

2 de outubro de 2009

O desperdício

Jesus Cristo, o protótipo do homem a caminho da divindade, não deu só a outra face, ofereceu-se em martírio e morreu por amor. É o irmão mais invejado, o filho preferido do pai mais poderoso. A narrativa correu mundo e encontrou milhões de almas prontas a recebê-la. A nossa necessidade de salvação alojou-O, o Cristianismo precede Jesus Cristo. Precede-o na insuportabilidade do absurdo da vida e, principalmente, da ideia de morte. Depois de instituído o modelo de acesso, foi uma questão de tempo para que o pensamento encontrasse quem o pensasse. Foi um alívio. Afinal podemos aceder à paz exacerbando aquilo de que não nos conseguimos livrar, a condição sofrente. E portanto, na cobiça narcísica daquele apetecido lugar, sofre-se muito. Sofre-se para dar conta da vida e da morte, e para Lhe seguir o exemplo que, dizem as escrituras, é o bilhete para a ausência de dor. Aspira-se a uma vida eterna sem desejo nem culpa, uma espécie de morte desfrutada, um paradoxo irresolúvel para as danças do século.
Nunca conseguiremos deixar de fugir à mais exigente das transformações: encarregar-mo-nos da noção de que só deixaremos de sofrer quando morrermos e que é exactamente aí que também deixamos de existir e que tudo, mas mesmo tudo acaba. Uma falácia económica.