12 de novembro de 2009

Os dias contados


A voz do PM aparece aos ouvidos da polícia, supõe-se que cheia de genica mesmo que em modo de sussurro, numa investigação a Armando Vara. Acredita-se que o conteúdo das conversas possa ser relevante em termos de matéria criminal - caso contrário estas não teriam de ser anuladas, seriam simplesmente ignoradas, material desprezível.

Um cidadão-fulano-de-tal, 'encontrado' em escutas legais relativas a outro cidadão poderia gerar, a partir daí, uma linha de investigação, autónoma ou paralela ao caso em apreço? Julgo que claro que sim, a menos que a tal da Justiça fosse convenientemente cega, literalmente cega, sem metáforas filosóficas. Mas se o cidadão em causa for fulano-PM-de-tal, subverte-se o princípio da coisa constitucional, a bem da nação que, frágil e sempre na iminência da orfandade, parece não poder dar-se ao luxo de parar, ouvir e ver. Não ouvir, olhar e não ver, não parar. Nesta imensa passagem de nível sem guarda, vamos ser colhidos a grande velocidade, mais tarde ou mais cedo, sem milagres que nos resgatem à amálgama da sucata pantanosa. Ou então somos os peixes que, com 3 gotas de água nas imediações, pensam 'até agora tudo bem, com sorte morremos no sono'.

Restam os factos, a face oculta e o rabo de fora. Siga.

[img: Ric Stultz]