5 de maio de 2008

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Quando penso em Passos Coelho não penso em muito, porque a maior parte da minha vida tem sido neste mundo. Nada de conspirações nas sedes da jota, comícios, sacudidelas de caspa das costas de quem quer que seja, hemiciclos ou pullovers amarelos: escola, bicla, beijinhos, faculdade, beijinhos, mercado de trabalho, o culto dos fins-de-semana, beijinhos, semáforos e coisas assim.

Quando penso em Santana Lopes mijo-me a rir. Depois fico a contar (sá) carneiros até de madrugada, olhos arregalados e imagens de um país transformado em néon e gente a desfazer-se em pedaços cada vez mais fragmentados. E a orquestra sempre a tocar.

Quando penso em Ferreira Leite penso n'O Ano Da Morte De Ricardo Reis. Não exactamente pela poesia ou pela genialidade da verve, mas pela aura espectral (e traças, por que não escrevê-lo) que dela e daqueles fatos de bel-corte emanam. E a orquestra a bocejar.